segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Escrava...

Partiste uma vez sem data nem hora marcadas

Sem vontade de ir mas acorrentada na raiva, assim foste

Dos nós do estrope nos pulsos, só cicatrizes vincadas

Foi o que restou para recordares de onde nasceste


No desconhecido horizonte foste empurrada

Mil agruras te cercaram, sombras vis e torpor sombrio

Saudade sentida do sol quente, da terra encarnada

Juraste voltar um dia, mesmo de canoa subir o rio


Chegarás ainda a tempo da chuva e dos cheiros
Da terra molhada e no mato do aroma das frutas
Daquela chuvinha morna comendo frutos maduros
Jogando na lama com pés descalços e na água das poças

Quando ouvires o som dos n'gomas num bater triste
E os cantares ao entardecer junto à fogueira
Sentirás que chegaste, saberás que nunca dali saíste
Então a tua terra cuidará de ti, na sombra da mangueira.


… Só quando lá chegares!

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