sábado, 5 de julho de 2008

A manta da Felicidade...

Procuras tu por onde andas...pergunto-me porque ando
A par e passo com passos largos ou curtos ou simples passo
Por onde ando vejo e escuto, na memória vou guardando
Esses pedacinhos de céu, na maravilhosa cor do ocaso

Na cor azul anil meu olhar se detém em pensamento
Vejo o lugar para onde quero caminhar, todos os dias um pouco
Desde a mocidade noutros horizontes essa cor era meu intento
Noutros ultramares continuo a vê-la na insanidade de louco.

Eis porque ando por onde ando...a tecer a manta da Felicidade

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Tchanika o'kuiva o'tchilongo tcheto

Aromas e sons da minha terra

Nasci cidadão do mundo e dos lugares onde vivi
Não importa ter nascido aqui ou ali ou em nenhum lugar
Simplesmente sem escolha, mas afortunada hora que ali nasci
Por um quarto século se cumpriu a vida que eu iria gostar
Por esse tempo curto que bem longo me pareceu…
Pareceu porque havia em mim outra dimensão entranhada


Porque lá aprendi a sentir os aromas da terra…
A reconhecer o cheiro dela após as primeiras gotas da chuva
Nos remoinhos sentir a areia á minha volta, em força projectada
Nas brisas mornas das searas onduladas, o cheiro do trigo…
O ocaso nas praias, sal e iodo misturados na cor do sol vermelho
O bater das ondas contra as rochas, outras espraiando-se nas areias
Das eiras de secagem, das salinas e do peixe seco…


Quando escutei o rufar da água nas cachoeiras sobre as pedras
Senti o aroma do musgo em gotículas esvoaçando
Recordo-me da poeira levantada na planície na passagem do gado
E na savana onde os antílopes galopavam em sobressaltos
Do quente deserto o horizonte que se movia em ondas de calor
Dos desfiladeiros e escarpas onde o eco tem vida própria
Na profundidade medida por uma pequena pedra do alto atirada …que ecoa


Sérgio Monteiro

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Lá prás bandas do mato...

Lá, bem longe, lá prás bandas do mato
Lá no meio dos mutiatis e das mupapas
Sinto o cheiro, sinto o'kuiva do sambo
O sambo do meu seculo. O Seculo dos sobas

Escuto o som do pilão, são muitos a bater
Vão tangendo sons roucos e cadenciados
O n'pungo aos poucos de grão deixará ser
Na batida compassada, farinhas, sabores refinados

Lá bem longe também se mói nas pedras
Lages de covas pequenas cavadas no duro
Desgastadas no tempo por moentes das fragas
Farinha fina e clara deu, do massango escuro

Lá de bem longe, sinto chegar o vento quente
Trás outro cheiro com ele, um aroma da terra
Da tua e da minha, de todos nós, de quem a sente
A terra vermelha molhadaa, vamos que o salalé não espera