Partiste uma vez sem data nem hora marcadas
Sem vontade de ir mas acorrentada na raiva, assim foste
Dos nós do estrope nos pulsos, só cicatrizes vincadas
Foi o que restou para recordares de onde nasceste
No desconhecido horizonte foste empurrada
Mil agruras te cercaram, sombras vis e torpor sombrio
Saudade sentida do sol quente, da terra encarnada
Juraste voltar um dia, mesmo de canoa subir o rio
Chegarás ainda a tempo da chuva e dos cheiros
Da terra molhada e no mato do aroma das frutas
Daquela chuvinha morna comendo frutos maduros
Jogando na lama com pés descalços e na água das poças
Quando ouvires o som dos n'gomas num bater triste
E os cantares ao entardecer junto à fogueira
Sentirás que chegaste, saberás que nunca dali saíste
Então a tua terra cuidará de ti, na sombra da mangueira.
… Só quando lá chegares!