sexta-feira, 4 de julho de 2008

Tchanika o'kuiva o'tchilongo tcheto

Aromas e sons da minha terra

Nasci cidadão do mundo e dos lugares onde vivi
Não importa ter nascido aqui ou ali ou em nenhum lugar
Simplesmente sem escolha, mas afortunada hora que ali nasci
Por um quarto século se cumpriu a vida que eu iria gostar
Por esse tempo curto que bem longo me pareceu…
Pareceu porque havia em mim outra dimensão entranhada


Porque lá aprendi a sentir os aromas da terra…
A reconhecer o cheiro dela após as primeiras gotas da chuva
Nos remoinhos sentir a areia á minha volta, em força projectada
Nas brisas mornas das searas onduladas, o cheiro do trigo…
O ocaso nas praias, sal e iodo misturados na cor do sol vermelho
O bater das ondas contra as rochas, outras espraiando-se nas areias
Das eiras de secagem, das salinas e do peixe seco…


Quando escutei o rufar da água nas cachoeiras sobre as pedras
Senti o aroma do musgo em gotículas esvoaçando
Recordo-me da poeira levantada na planície na passagem do gado
E na savana onde os antílopes galopavam em sobressaltos
Do quente deserto o horizonte que se movia em ondas de calor
Dos desfiladeiros e escarpas onde o eco tem vida própria
Na profundidade medida por uma pequena pedra do alto atirada …que ecoa


Sérgio Monteiro

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